Imprevistos e problemas surgem todos os dias seja na vida, seja no trabalho, seja nos negócios.
Por isso, é preciso ser previdente e saber que, como dizem os americanos, “shit happens!” – problemas acontecem, ou seja, uma frase informal usada como uma simples observação existencial face aos acontecimentos inusitados desta vida repleta de percalços e situações que nos fogem ao controle.
Seria mais ou menos o equivalente ao francês “C’est la vie” (É a vida), ou utilizando uma forma um pouco mais polida de dizer a mesma coisa seria: “Coisas ruins acontecem” ou simplesmente “Problemas acontecem”.
E análise e gerenciamento de riscos compreende uma série de providências que devem ser usadas para evitar a ocorrência ou mesmo permitir a eliminação desses riscos.
Essa gerência de riscos nada mais é que um conjunto de processos específicos e definidos de forma a se fazer de tudo para que os riscos apontados não ocorram.
Claro que nem sempre é possível prever todos os acontecimentos e eventos que envolveram seu empreendimento, mas a precaução nesses casos pode ajudar a evitar surpresas que podem se mostrar bem desagradáveis ou até mesmo danosas para o seu negócio.
Há alguns fatores importantes que devem ser considerados e que merecem que seja feita uma análise de risco, veja abaixo quais são os principais.
A Sazonalidade.
A sazonalidade é uma realidade que atinge uma grande parcela de negócios e é caracterizada pela diminuição da demanda em determinadas épocas.
É preciso levar em conta questões como datas comemorativas, público-alvo e o produto que você vende, para entender quando a sazonalidade será positiva e quando seu impacto irá atrapalhar os negócios.
Contexto econômico.
Não é novidade para ninguém que impactos econômicos afetam todo e qualquer empreendimento, independente do tamanho.
Leve isso em consideração na análise de risco, e saiba que períodos de recessão podem ser especialmente conturbados para seus negócios.
A realidade do seu setor de negócios.
A estagnação econômica pode ter um grande impacto apenas em determinados setores.
Áreas em recessão podem diminuir a procura pelo seu produto ou serviço, assim como uma área em crescimento pode gerar boa procura, mas no futuro se transformará em uma bolha, por isso é preciso ficar atento(a) à realidade do seu setor.
Obviamente que a análise de riscos é uma ferramenta muito poderosa e, portanto, bem mais complexa do que a versão que apresentamos aqui neste artigo, mas serve como um incentivo para você se aprofundar um pouco mais nesse tipo de técnica que pode ser muito útil para o seu negócio.
Agora vamos conhecer as perguntas básicas para começar uma análise de riscos rápida e descomplicada de sua empresa?
Pergunta 1: Quais os possíveis riscos que sua empresa corre?
Todos os negócios (não importa quais) possuem seus riscos mais prováveis.
Enquanto uma empresa têxtil por exemplo, corre o risco de secas afetarem as plantações de algodão, a indústria petrolífera corre o risco das guerras, que influenciam o preço internacional do barril de petróleo, as de tecnologia correm o risco de uma bolha, etc.
E além desses riscos, há também aqueles que são comuns a todo e qualquer tipo de negócio, como a inadimplência de clientes, maquinário danificado, etc.
Sem paranoia ou alarmismo, comece a sua análise listando que tipos de riscos podem afetar a sua empresa, concentre-se apenas nos que realmente apresentam alguma possibilidade grande de acontecer e planeje ações para minimizar o impacto ou até mesmo preveni-las.
Pergunta 2: Quais as probabilidades de cada risco acontecer?
Levantados os riscos é hora de saber quais as probabilidades de cada risco.
Por exemplo, a probabilidade de você ter clientes inadimplentes (pelo menos um ou outro) é quase de 100%, a de sua empresa sofrer algum incêndio ou enchente, talvez seja menor, mas por outro lado, a probabilidade de um servidor ou máquina importante quebrar possa ser em torno de 60% dependendo de seu estado atual.
Por isso, a análise de probabilidade dos riscos é extremamente importante para não pegar você desprevenido(a).
Mas não precisa se estressar em ser exato, pois esses números servem como referência, o objetivo é identificar com quais riscos você realmente tem de se preocupar.
Pergunta 3: Quanto cada risco irá custar à sua empresa?
Se o risco deixar de ser uma mera hipótese e se tornar uma triste realidade, quanto dinheiro você vai precisar para solucionar o problema?
Se sua carga for roubada ou extraviada no meio caminho, o que você irá fazer? Como restituirá a mercadoria do cliente?
No caso de um servidor ou maquinário, se quebrarem, qual será o valor pago para consertá-la rapidamente? Vale mais a pena comprar uma nova? Será preciso alugar outro servidor ou maquinário? Como manterá a produção? Terá de terceirizar aquela atividade até a máquina retornar?
No caso de prestação de serviços, se algum funcionário ficar doente, quem o substituirá? Ou se você for o prestador de serviços quem ficará no seu lugar?
São apenas exemplos, mas dentro da sua realidade, pense no cenário como um todo e calcule quanto este risco irá custar na melhor (e na pior) das hipóteses e prepare-se.
Pergunta 4: Como prevenir?
O bom velho adágio popular continua atualíssimo: melhor prevenir do que remediar.
O que você pode fazer para evitar que cada risco enumerado e analisado se concretize?
Como evitar a inadimplência? Você pode acabar com as vendas a prazo em sua empresa, oferecer incentivos como bons descontos para quem pagar à vista, enviar um lembrete alguns dias antes do vencimento da parcela, etc.
Como se prevenir em relação ao prejuízo ocasionado por roubos ou extravios de mercadoria? Fazer seguro, rotas alternativas, etc.
Enfim, esse tipo de exercício é importante para que você não seja pego de “calça curta”, crie uma lista com todas as medidas preventivas realmente viáveis, mas preste atenção, pois algumas delas podem ocasionar outros problemas, por isso, pense em todos os cenários possíveis, por exemplo, acabar completamente com o pagamento parcelado, pode afugentar alguns clientes e por aí vai.
Avaliar a probabilidade de um problema acontecer e o seu impacto é fundamental. Se você acha que existe alguma área que tem risco de dar problema, sempre vale a pena fazer uma análise fria sobre esse risco.
Como dissemos no início a análise de riscos não se resume aos exercícios propostos neste texto, pelo contrário, ela envolve vários cálculos e alguns deles podem informar exatamente qual valor você deve ter disponível para garantir a estabilidade de sua empresa caso um dos riscos se concretize, por isso vale a pena se debruçar para aprender um pouco mais.
Para fazer uma análise desta profundidade é preciso ter uma boa base em finanças, mas fazendo essas 4 perguntas já dá para não entrar em pânico e ter uma visão um pouco melhor dos problemas que sua empresa pode enfrentar e o melhor: a maneira correta de lidar com eles.